23 de setembro de 2009

Lembranças....

Meu celular tinha estragado e por boa parte do tempo fiquei com outro totalmente diferente. Quando o meu original voltou do conserto comecei a mexer em configurações. Naturalmente mensagens antigas, músicas e fotos haviam sido apagadas. Fui colocando o toque de novo, o despertador - que eu sou traumatizada com o barulho original, ter que acordar cedo, sabe? - o barulho da mensagem... Um único conjuto de bip's que me fazem lembrar tanta coisa do passado. Como um cheiro, um barulho, uma música trazem tantas lembranças? O humano tem a sorte da memória, mas seria mesmo uma sorte? Pré-destinado a lembrar 'eternamente' de acontecimentos felizes - ou não. A música da propaganda do Mercado Livre - que simples, que complicado. "Li, o que fizeram contigo?" Não sei, não sei. Mas tive vontade de colocar aquele barulho da mensagem de novo, coloquei. Mas não adiantava mais, o conteúdo das mensagens havia mudado. Por que eu me apego tanto as coisas? Ainda tenho papéis de Sonho de Valsa guardados, junto com tampinas de Cocas, pulseiras, cartas e maços de cigarro. O engraçado é que estão todos juntos, no fundo da gaveta e eu não tenho coragem nem de mexer. Nem o poder de fazer parar o tempo e não permitir que o mofo desse clima úmido destrua as memórias de uma história escrita no Passado Quase que Perfeito destinando um Futuro do Pretérito.

28 de julho de 2009

Terça-feira.

Era preciso o uso de despertador, a vontade de ver o dia se encaminhar já não era a mesma.
Levantava, procurava o outro par da meia - pé esquerdo, sabe como é, pé frio. Uma ducha gelada para sentir na pele o peso da consciência. Enxugava-se reparando no que o tempo era capaz, e a falta dele também. Olheiras que a maquiagem não cobria mais. Eco do silêncio. "É preciso muita coragem para reconhecer o desespero". Vagando pelo espaço, que não mais chamava de casa, levou as mãos à cabeça. .. Respirou fundo, resolveu buscar seus sonhos, levantou. Pegou sua bolsa, saiu e fechou a porta. Hora de trabalhar, é dia de espetáculo no circo, pessoas dependem do meu sorriso hoje.

E ri da vida.

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27 de julho de 2009

Carnavalizar.

O que se fazer quando se quer algo que não pode se ter? Eu sei, eu sei, é muito normal de se falar isso. Mas eu digo querer algo que não é comum, não é palpável, muito menos está a venda no mercadinho da esquina. Atenção. Ensina-se em escolas que a soma dos catetos ao quadrado é igual a hipotenusa ao quadrado, que Napoleão era considerado louco por sua vontade de conquista e que transitividade não pode ser direta e indireta ao mesmo tempo. Falta vocabulário para ensinar que não deve-se se jogar em um rio antes de saber sua profundidade. Nem que se tu te mexeres muito rápido poderás ficar tonto. Mudem essa postura de inibir a mente de uma criança. Quem definiu que verde não combina com roxo, amarelo e marrom? Deixa ser, como será. Aquela cabeça virar carnaval, afinal ela deverá passar o resto da vida presa àquele corpo que não voa no ritmo dela. Deixa o confete misturar com a comida para tudo virar festa ao entrar naquele corpo. Põe em exposição pensamentos e sonhos sem cobrar nada em troca - e no final, acaba-se tendo o que não se queria, de uma maneira totalmente diferente.

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Borboleta Amarela.

Já diria a propaganda: "era uma vez uma boca que se apaixonou por uma orelha...".
Mas desta vez foi diferente, não foi escutando nada, nem por comunicação vocálica.
Foi um par de olhos que procurando não achar, acabou achando outros - transbordando alegria. Uma alegria vivaz de criança arteira. Aqueles olhos sempre tão curiosos continuaram procurando novas coisas a conhecer - acharam a boca. Sorriso contagiante, seguida de um risinho envergonhado e então lábios sérios. Seu rosto exalava histórias, segredos. Mas seus sentimentos, não! Estes ficavam escondidos.
E do outro lado, existia tanta vergonha disfarçada em risadas

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11 de julho de 2009

E ri da vida

Descia a rua como sempre fazia, rua de areia - barulhenta. Descia a rua, como sempre fazia olhando pros pés - desviando buracos. Descia, a rua como sempre fazia sozinha - com a música.
O que fez eu desviar o olhar, não lembro. Vi teu nome escrito na parede em vermelho e o meu ao lado, invisível. Tropecei numa pedra.
E ri da vida.

10 de julho de 2009

Protesto!

Protesto contra as ruas irregulares e buracos em lugares indevidos que nos fazem andar olhando para o chão. Cansei, digo, optei pro tropeçar mais para rir e tentar olhar nos olhos dos que passam por mim. Deixamos, todos os dias, de ver o que há por cima dos prédios, o nosso céu azul que sabemos que existe mas que nem sempre lembramos da beleza. Esquecemos das cores que ele consegue misturar, feito criança e tinta guache, que se colocadas em um quadro diriam ser "irreais". Protesto contra o frio que congela muito mais do que nossas mãos, protesto contra o preto dos casacos pesados e o cinza das armaduras que aprendemos a usar para não nos machucar. Virei a página, quero vida. Quero um liquidificador para minhas idéias e o teu ouvido para escutá-las. Uma livro em branco, uma caixinha de lembraças nova. E o único escuro que quero ter é o do debaixo do cobertor junto a ti.

9 de julho de 2009

sobre roupa rasgada e cabelo desarrumado

Que saudade do meu tempo de piá, correr pela rua, jogar bola, andar de bicicleta... tudo isso, todo o dia.
Nos divertiamos com qualquer coisa, aquele álbum de figurinhas que não custava mais que cinco reais para completa-lo e se tivessemos sorte ainda ganhariamos um jogo de botões como prêmio, os clubinhos onde faziamos reuniões e brincavamos das mesmas coisas que poderiamos brincar em qualquer lugar mas se tornava muito mais divertido só pelo fato de ser no clubinho.
Que tempo bom, que não volta nunca mais...É verdade que é bom ir a festas de amigos, mas quando se era criança... era diferente, nos divertiamos de verdade brincando de tudo que as mais ou menos quatro horas de aniversário nos permitia e isso para desespero de nossas mães que ficavam horrorizadas com o que faziamos com nossas roupas que elas haviam comprado especialmente para irmos ao aniversário, até que chegava a hora do parabéns, coisa que nem davamos muita bola, a não ser quando algum de nossos amigos cantava algo do tipo "parabéns pra você, eu só vim pra comer..." mas o bolo sempre ficava de lado, queriamos mesmo era voltar a brincar!
Ainda hoje é divertido lembrar da infância e inventar uma história mirabolante ao passar por uma casa velha ou ao ver algum objeto estranho o problema é que nenhum dos meus amigos acredita que possa realmente ter vivido uma bruxa na casa do fim da rua...

uma pena.

7 de julho de 2009

Partida partida.

Partes... e em te dizendo adeus
não choro nem me desespero
Também não vejo pranto em teus olhos
tão belos e castanhos
No entanto, sigo sabendo que te quero

Partes... e, assim, nos despedindo
nem parece amor, uma heresia.
Pois nós estamos rindo até
como o fariam dois estranhos.
E quem, nos vendo assim, diria

Que te quero tanto e tanto...
E apenas eu sei o quanto chorei
E este pranto, pra faze-lo só meu,
no fundo d'alma o escondo,
porém as vezes tento transcreve-lo em poesia

E assim, porque fingir tão bem
que estamos alegres e felizes?
Ninguém mais sabe o que sentimos:
que é falso esse riso que esboça
e também a frase alegre que te digo!

6 de julho de 2009

Longe...

Longe de casa eu choro
E não quero nada.
Que fora do chão
Ninguém quer e não pode nada.
Sinto falta de São Paulo,
De escutar na madrugada
Uns bordões de violões,
Uma flauta a chorar prata...


(Eduardo Gudin/ Paulo Vanzolini)

29 de junho de 2009

Iluminarte.

A iluminação acontece quando você esquece tudo sobre ela. Nem mesmo olhe pelo canto dos olhos, para verificar se ela está vindo e assim evitar perdê-la. Esqueça-se completamente dela.
Você apenas desfruta sua simples vida.
E tudo é tão belo - por que criar para você mesmo ansiedade e angústia desnecessárias? Estranhos problemas da espiritualidade...essas coisas não são algo a respeito do qualvocê possa fazer alguma coisa.
Se puder transformar sua vida comum em algo de beleza e arte tudo o que você sempre desejou começará a acontecer espontaneamente.

A luz é o caminho

A sala está repleta de escuridão; você deseja que a escuridão deixe a sala. Você pode fazer tudo o que está ao seu alcance - empurrá-la para fora, enxotá-la - , mas não vai ser bem sucedido. Por estranho que pareça, você vai ser derrotado por algo que não existe. Exausta, sua mente mente vai dizer que a escuridão é tão poderosa que não está dentro de sua capacidade dispersá-la, expulsá-la. Porém, essa conclusão não está certa; ela é alemã, mas não está certa.
Uma simples vela deve ser trazida para dentro.
Você não precisa expulsar a escuridão. Não precisa lutar com ela - isso é uma completa estupidez. simplesmente traga para dentro uma pequena vela, e a escuridão não mais será encontrada. Não que ela saia - ela não pode sair, porque em primeiro lugar não existe. Nem estava dentro nem se retira.
A luz entra, a luz sai; ela tem existência positiva. Você pode acender uma vela e não há escuridão; você pode apagar a vela e há escuridão. Para fazer algo com a escuridão você precisa fazer algo com a luz - muito estranho, muito ilógico, mas o que você pode fazer? Assim é a natureza das coisas.
meu amor é como a luz - não é nem maior para um nem menor para outro. Mas, ainda assim, para o cego ele não existirá. Para quem não pode ver corretamente, será turvo.
e para quem pode ver com clareza, terá uma intensidade diferente.
É a mesma luz, mas dependerá do quanto você pode receber.
Se você estiver totalmente aberto, poderá recebê-la toda.

23 de junho de 2009

Sobre palavras de silêncio.

Existem muitas pessoas no mundo, você conhece muitas, sem contar as que ainda vai conhecer. Você está ali, diante de centenas de pessoas, pessoas que carregam consigo centenas de sentimentos. Podem até existir poucas palavras para definir essas centenas de sentimentos, mas cada maneira de senti-los é única... e você, uma única unidade de pessoa, pode causar essas centenas de sentimentos em uma dessas centenas de pessoas. Existem poucas coisas na vida que realmente importam para as muitas pessoas que vivem e dessas poucas coisas, duas se destacam: o silêncio e as palavras. As palavras normalmente são as causadoras das centenas de sentimentos que você, unidade única de pessoa, provoca em outra unidade única de pessoa que, dentre as centenas de pessoas que você conhece, realmente entendeu o significado delas. Já o silêncio é quem vai provar que elas, as palavras, surtiram efeito, pois não se pode falar para sempre, uma hora temos que nos calar e escutar e só depois disso, se as duas unidades únicas de pessoa conseguirem sorrir em silêncio... bom, aí é o momento de descobrirmos que os sentimentos não são assim tão singulares, duas pessoas podem senti-los da mesma maneira.
Já foram palavras demais, agora eu quero ficar em silêncio e ver o que vai acontecer!

22 de junho de 2009

Sobre fatos não consumados...

A real veracidade de alguma coisa só se da com a consumação da mesma. Coisas que ficam somente em nossos pensamentos por tempo demais normalmente não se concretizam.A concretização das nossas idéias, por menor que sejam, exige de nós uma dose de coragem, dose essa que varia de acordo com o risco proporcionado por tal idéia. Mas indiferente do quanto de coragem que precisemos, ela é obtida de acordo com nosso esforço e com nossa real vontade de que ela saia do imaginário.
Muitas vezes somos detidos pela preguiça do progresso. Idéias não saem simplesmente andando de nossas mentes e se tornam reais, realizações de fatos exigem que nos movimentemos, nada acontece enquanto estivermos parados e é aí que ela, a preguiça do progresso, entra, nos impedindo de sair do aconchego de um sofá qualquer pra viver aquilo que se realmente quer.


p.s.: não é uma boa idéia gostar de alguém que já tem um sabonete!

20 de junho de 2009

Nós três

Aí o dia clareou, o remendo se rasgou, e a chuva, mesmo querendo, não molhou. Na verdade, quem queria era eu. A chuva só batia-e-pingava, ela molhava, mas eu secava.

O ruim da chuva e que ela vem no fim. Antes ainda tem o frio, o vento e o trovão.
Eu já passei por tudo isso. O frio não me congelou, o vento não me levou, e o trovão, sabe Zeus porque, não me acertou.

Além disso, todo-dia, ainda tem a vida. E antes e depois da vida, a morte. E no meio da vida, em
meio a tantas outras, tem a minha, que, mais ou menos no meio (um pouquinho pra esquerda) tem uma ferida, a minha ferida.

Por essa ferida é que eu agüentei o frio, fiquei no vento e encarei o trovão. Tudo por ela.
Tudo por achar que a chuva ia me lavar, mas a chuva só batia-e-pingava, ela molhava, mas eu secava.

Antes eu até contava as chuvas que eu secava. Antes de perder a conta eu até as contava, mas agora,
depois de tudo (mas antes da morte), apenas fico aqui, na verdade, ficamos os três; a vida, a ferida e eu.

A vida para ser vivida, a ferida para ser lavada e - eu.

19 de junho de 2009

Ama em pé e samba no chão

Enquanto houver um coração no chão haverá um bordel em pé.
E haverá um malandro, sambista da dor – samba-dor-samba-dor -
recolhendo cacos do pobre pierrot, – com-amor-sem-amor.

Enquanto houver uma mulher em pé haverá um homem no chão.
E haverá o samba pro sambista – dor-que-samba-samba-dor,
e os cacos do palhaço sofredor – sem-amor-sem-sabor.

Enquanto houver uma emoção de pé haverá uma razão no chão.
E haverá a dor, do samba e do amor – samba-mor-sangra-dor,
e os cacos do malandro – samba-dor-dor.