19 de janeiro de 2011

todo ano eu juro que vou evitar,

mas não consigo. Eu fico ufanista.


Por que diabos que a mesma lua que nos ilumina lá do céu é mais bonita aqui do Brasil? Se são as mesmas as estrelas, por que daqui elas me vêem mais?


Os rios, o mar, a areia resistem bravamente à falta de respeito (de educação, na verdade) e continuam coalhando de peixinhos, conchinhas e maria-farinhas minhas elucubrações filosofais de praia.


A lua ilumina a noite inteira, o azul do céu me injeta ânimo, a chuva me é torrencialmente poética, no quintal da minha mãe há macaquinhos. E ontem, voltando pra casa, eu topei em duas capivaras atravessando a rua.


Que culpa tenho eu se as aves que lá gorjeiam não gorjeiam como aqui?

17 de dezembro de 2010

de volta pra casa.

Lá estão meus restaurantes preferidos, minhas lojinhas, meus ateliers todos.
Tenho meus amigos queridos, casas quentinhas que me acolhem no inverno, abraços e gargalhadas que batem perna comigo no calor do verão.

É hora de voltar. De férias - mas, em breve, de vez.

É hora de olhar São Paulo com os olhos novos que eu adoro cultivar - e que privilégio poder olhar sua casa com olhos novos.

Em breve será hora de viver São Paulo de outra maneira, daquele jeito estranho de quem não está mais lá nem cá, nem em lugar nenhum.


Me dá medo voltar.

14 de outubro de 2010

com tanta delicadeza,

frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor.

E por trás de tudo que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum.

celso, há mil tons em você.

6 de outubro de 2010

Hoje,

eu nem saí da cama. Apesar do sol que chama, nem me levantei.
Não me agrada o panorama.

Hoje eu acordei.

Não quero ser refém da máquina, preciso ir além.
Mas sei porém, que sátira
Sou parte dela também.


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3 de outubro de 2010

Num cenário,

de neblina meus nós desfaço,
desmancho minhas teias, momento só meu.
Na véspera da dúvida os medos enlaço,
liberto a alma presa, camuflada no breu.

Encaro a vontade, da navalha o verso.
São nuvens que acenam paisagem em mim.
Embrulho as palavras, sons num reverso.
E o dia acontece sem ruas, e sem fim.

Pra imensidão das horas, mostro a língua.
Nem deixo o desgosto me encostar na parede.
Brincando na chuva, vou matando a sede.

O arco-íris desenho, fica o cinza a míngua.
Viço na alma um jardim, rematizo as cores.
E o negócio com o tempo pra minar as dores.







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Outrodidata

O contrário do autodidata sou eu. Adoro aprender com o outro – sou outrodidata.

É o resultado da sorte que eu dei: minha vida cruzou com a de muitos bons professores. Em casa, nas salas de aula, nas redações – na vida.


Não há nada que eu não aprenda melhor com um professor do que sozinha. Se o livro diz: faça hachuras diagonais, eu fico ali assimilando. Vem a professora e fala: faça hachuras diagonais, eu logo: aaaaaah, entendi!
Claro que evoluir é aprender a não precisar deles, mas não posso deixar de ver a beleza e a generosidade de que são feitos o processo.

Pessoas ligadas pelo mesmo entusiasmo – quem sabe mais mostra o caminho, quem sabe menos ensina outra coisa. Nem que seja a gostar mais ainda do que se faz.

E para eu me divertir fazendo a lista que começa assim: obrigada, Rita e Nádia. Clécio, Ana Claúdia, Andréa. E, putz, Manoel Grau . Obrigada, Serroni, Cris Rossi, Pala. Márcia, Alessandra. E, cara, muito obrigada, Fábio. Maria José, Luciano, Adriano. Minha primeira professora de francês na Mairie, que eu não lembro o nome. Maria Graciete, Jeanne. Regina, Regina, outra Regina, Shirley. E obrigada à beça, Alceu Ale. Mas, principalmente, obrigada mãe e obrigada pai.



Por me darem régua e compasso - e tesoura e cola.

8 de setembro de 2010

Brincadeiras

Sua mente brinca infinitamente - tudo é como um sonho em um quarto vazio. Ao meditar, olha para a mente e consegue vê-la fazendo suas travessuras, como uma criança brincando e saltitando pelo puro excesso de energia. É só isso, pensamentos pulando, saltitando, brincando, apenas um jogo, ela não leva isso a sério, mesmo quando esses pensamentos eram ruins, não sentia-se culpada. Ou se houvesse um grande pensamento, um pensamento muito bom - servir a humanidade e transformar todo mundo, trazer o paraíso à Terra -, ela não deixa que seu ego fique tomando por ele, ela não leva isso a sério, não sente ser uma menina grandiosa.

Foi apenas a sua mente brincando. Algumas vezes ela desce, outras ela sobe, nada mais que energia emm excesso tomando muitas formas e facetas.